quinta-feira, 28 de março de 2013

Já nasceu

Era a minha ultima noite em Portugal numa destas ultimas vezes que lá fui, estávamos os dois quase a adormecer, já naquele ponto em que um bocadinho de nós já dorme, dormiamos agarradinhos como sempre, tão agarrados que quase que sufocava.
O telemovel dele recebeu uma mensagem, ele nunca vê as mensagens quando já quase que dorme, mas nessa noite viu, e do nada levanta-se todo cheio de energia e diz-me:
- Princesa a minha sobrinha vai nascer, a minha cunhada já está na maternidade
- Boa príncipe, excelente noticia

Adormecemos na esperança de receber um telefonema a anunciar o nascimento dela.
Eram por volta das duas ou das três da manhã quando o irmão dele ligou e disse
- A tua sobrinha já nasceu, correu tudo bem
- Óptimo, amanhã passo na maternidade para a ver

No dia a seguir recebo uma mensagem de imagem no meu telemovel, era uma fotografia da sobrinha dele e dizia ' a princesa ' .
Eu respondi ' Welcome to the world princess. És linda '
Ele voltou a responder e disse ' É linda, sai à Tia M. que também é uma Princesa '

Nesse momento foi a primeira vez na minha vida em que pensei que queria muito ter eu um bebe na barriga, queria muito que fosse ele a avisar que a princesa já nasceu, queria muito que a princesa fosse nossa e que nós vivêssemos toda aquela alegria. Nunca antes tinha pensado nisto, nunca antes tinha desejado isto ....
No mesmo dia falamos sobre nomes, ele foi o primeiro até hoje que gostou do nome que eu um dia vou dar a uma Princesa minha, e do nada ele diz:
Já estou a imaginar Maria do Mar .... (e disse os nossos apelidos)

Mal ele sonhava que não imaginava eu outra coisa ....


M.

Macarena aérea

Será que sou a única pessoa que espera sempre que as hospedeiras da Easyjet comecem a dançar a Macarena quando fazem a 'coreografia' das regras de segurança?


Fica no ar esta ideia (espero que se entenda a piada fácil do 'fica no ar' )

M.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Metade daquilo que sou


Ele ia-me por ao infantário e ia-me sempre buscar, nunca falhou um dia de infantário, nunca falhou um dia de primária. Na hora de almoço via o DragonBall comigo. O prato preferido dele era peixe cozido, e desde cedo passou a ser o meu, queria agradar-lhe de todas as maneiras.
Costumávamos ir passear e dar pão às gaivotas. Ele andava sempre com as mãos atrás das costas, dizia que assim tínhamos sempre a postura correcta e não deixava que as costas se entortassem.
Mesmo quando ele me chamava à atenção para os cotovelos em cima da mesa, ou para a mão que segurava a cabeça, eu gostava dele, e tentava sempre fazer tudo bem.
O cabelo dele fazia ondinhas e quando estava despenteado eu costumava ,em tom de brincadeira, perguntar se o Mar estava bravo.
Ele tinha os olhos meio verdes e meio azuis, passava horas a olhar para os olhos dele, os dois a tentar perceber se eram mais verdes ou mais azuis.
Ele já tinha dado a volta ao Mundo e lembrava-se de todos os sítios onde já tinha ido, dos restaurantes, dos hotéis, de absolutamente tudo.
Costumávamos sentar-nos no jardim, no verão, e ele dizia para eu fechar os olhos e ele fechava também depois juntos de olhos fechados viajávamos pelo Mundo todo, viajávamos de barco e de balão. Com ele já conheci o Mundo todo.
Sempre que ele tinha uma duvida ia à enciclopédia tirar a duvida, dizia sempre que tínhamos de tirar sempre as nossas duvidas a limpo.
No inicio da primavera íamos os dois arranjar o jardim para ficar bonito para o Verão.
Quando fazíamos viagens, mesmo que fosse só até Lisboa, ele nunca ligava o rádio do carro porque dizia que preferia que eu fosse a cantar.
Ensinou-me a andar de bicicleta e quando aprendi a atar o atacadores fez uma festa tão grande que parecia que tinha ganho a lotaria.
Um dia acordei com ele a dar-me festinhas e a dizer que ia a Lisboa, eu tinha 15 anos, ele deu-me um beijinho na testa como dava sempre e ... nunca mais o vi.

Nada dói mais que não o ter perto de mim, nada dói mais do que já não me lembrar da voz dele.
Lembro-me de tudo, até do cheiro do perfume dele mas não me lembro da voz dele porque infelizmente é das primeiras coisas que uma pessoa se esquece. Dava tudo o que tenho para me lembrar da voz dele, para o ouvir e guardar esse som para sempre.
Lembro-me de a minha Mãe me perguntar se não me ia despedir dele, e de eu dizer que não, de ir com os meus amigos queridos para a areia, de me sentar em frente ao Mar e de ali ficar quase quatro horas.
Nessas quase quatro horas perguntei aos meus amigos, perguntei a mim mesma e pergunto ainda hoje a quem me conseguir responder:
Como se despede de alguém que sabemos que nunca mais vamos voltar a ver? Como se despede da pessoa que mais amámos na vida? Como se despede do Avô que nos fez na pessoa que somos hoje? Como se diz Adeus à outra metade de mim?

M.




 

Loucuras

Toda a gente se apaixona, toda a gente comete loucuras quando está apaixonado, loucuras boas e loucuras más.
Eu faço parte desse grupo a que designo 'toda a gente'. A fazer loucuras sou perita.
Já lá vai o tempo em que fazer loucuras era ir ao cinema e ficar sentada ao lado dele. Loucuras era  dizer à Mãe que se ia dormir a casa de uma amiga enquanto na verdade se ia dormir à casa dele porque os Pais dele tinham ido passar o fim-de-semana fora, e adormecíamos na mesma cama e íamos muito devagar chegando para o pé um do outro até que finalmente ao fim de horas dávamos o tão esperado beijo na boca.
Loucura era por no status do Facebook 'numa relação com ....'.
Hoje em dia nada disso me parece uma loucura.
Loucura para mim é numa segunda-feira Ele me dizer 'fogo estás sempre longe', e eu nesse mesmo dia comprar uma viagem para ir ter com Ele, aterrar na sexta-feira, vê-lo e ... tudo começar a fazer sentido.
Loucura é ir a Portugal e não querer ver ninguém a não ser Ele.
Loucura é aturar o mau humor, as respostas tortas, as faltas de respostas, os silêncios que cortam o coração.
Loucura é continuar, mas loucura também é desistir.
Por favor ... convida-me para ir dormir a tua casa que eu prometo que digo à minha Mãe que vou dormir a casa de uma amiga, vamos fazer loucuras os dois, destas loucuras que ainda nos fazem acreditar que o Mundo dos crescidos está bem longe.

M.

Diz que vai começar.

Não sei se diga 'Olá' se diga 'Boa tarde' não sei se diga algo ou se não diga nada.
Acaba por ser uma introdução não sei bem a quem, a vocês que estão aí se é que existem.
É mais ou menos como olhar ao espelho e falar comigo mesma, mas e se vocês um dia vierem a existir???
Portanto aqui fica o meu ... Olá.

São apenas coisas minhas que vão passar a ser coisas vossas, coisas nossas.
Não prometo que seja uma viagem alucinante, mas prometo que loopings vai ter com certeza, gritos também, porém não me ouvem .... É a vossa sorte.

Let's Go!

M.