Rotinas que nos enchem.

Mesmo depois das noitadas eu acordo cedo, entretanto no dia anterior tinha combinado com alguém irmos para a praia e fica sempre combinado que mandamos mensagem quando acordamos para termos a certeza que está tudo bem para irmos para a praia.
Raras são às vezes em que eu não tenho de ligar trinta mil vezes para os acordar, nunca conseguem acordar cedo, a minha sede de praia é tão maior que a deles, apesar de já lhes ter explicado que também podem dormir na praia.
Despacho-me e acabo por sair de casa sem ainda ter resposta de ninguém, passo no café do costume, sento-me na esplanada a beber o meu café e a ler as revistas e os jornais.
Entretanto ao fim de uma hora de lá estar recebo um SMS 'acordei agora, vou só despachar-me, estás onde? 30 minutos e desço'.
Lá respondo e fico mais de 30 minutos à espera, entretanto chega um, a seguir ainda esperamos por outro, chega outro que diz que o não sei quantos está a chegar e lá esperamos. Entretanto chega o não sei quantos mas o outro lembrou-se que tem de ir comprar agua, lá vamos comprar água, entretanto eu apercebo-me que tenho poucos cigarros, lá vamos comprar cigarros. Nisto já passaram 2 horas e tal desde que sai de casa.
Quando vemos que já temos tudo, começa o dilema do costume, escolher para que praia vamos, acabamos por ir sempre para uma das duas do costume, uma é quando está vento e a outra é quando não está vento.
Imaginemos que está vento ... lá vamos nós para uma praia super abrigada, mesmo assim vamos carregados de corta ventos, chegamos e montamos tudo ... ao fim de 3 horas de espera lá chego à praia.
Viciada em estar morena como eu sou, começo logo a por os meus imensos bronzeadores. Eles começam a gozar comigo a dizer que aquilo faz mal à pele, passado uns 10 minutos estão-me a pedir a mim bronzeador emprestado, acho que se esquecem do quanto disseram que aquilo fazia mal.
O dia de praia começa, sol, mergulhos, eles a jogarem à bola, eu a levar com a bola, eu a refilar por eles não terem cuidado, eles a pedirem agua, eles a perguntarem quem tem comida, eu a refilar por eles apagarem os cigarros na areia quando eu levo sempre cinzeiro.
Fim do dia a praia acaba .... Decidimos onde vamos comer os caracóis, lá vamos nós para a esplanada de sempre comer caracóis e beber cervejas, eles falam sobre as miúdas giras que estavam na praia. Começamos a ficar animados, alguém fala eu churrasco, eu disponibilizo logo a minha casa.
Cada um vai a sua casa tomar banho e mudar de roupa, o que vive mais perto do supermercado faz as compras para o churrasco.
Duas horas depois eles chegam, o do costume começa a fazer o lume.
Estamos todos cheios de creme hidratante ... Todos brilhamos de tanto creme.
Falasse de tudo ... Alguém vai ligar a musica, vai chegando um e mais um, alguém manda SMS a dizer se pode trazer um amigo ou uma amiga, entretanto a minha Mãe vem a janela para dizer Olá, eles até se endireitam para cumprimentar a minha Mãe, quando ela volta para dentro ... relaxam todos de novo.
A noite começa ... saímos de casa quando as bebidas acabam, já vamos tortos para baixo. Brindamos ao Verão e cantamos no meio da rua.
Chegamos ao sitio do costume, e ali ficamos até ser de manha ... no dia a seguir começa tudo de novo.


É disto que sinto falta, da minha rotina, da rotina dos meus.
Do cheiro a Verão, da pele ainda quente do sol, do cheiro do hidratante, dos perfumes deles ... Está quase, porque nenhum inverno dura para sempre, nem nenhuma primavera.


M.