Avó - Mãe

Em um ano ela perdeu o único homem que teve na vida, mais de meio séculos passado ao lado da mesma pessoa, sendo dependente dele para tudo. Perdeu um filho, o filho mais velho que mesmo assim era ainda novo. Perdeu uma perna, perdeu a mobilidade. So não nos perdeu a nós.
Continua a sorrir e a ter força para viver, é a mulher mais forte que eu conheço, eu e muita gente, pois de vez em quando me dizem que nunca conheceram no ninguém como ela e que não sabem como arranjou forças para ultrapassar aquele ano que de bom não teve nada.
Hoje em dia vive num lar do outro lado da rua da casa onde sempre viveu, ela escolheu assim. Custa saber que ela está ali, sei que está feliz mas sei que ela merecia algo melhor.
Merecia estar na casa dela com o homem da vida dela ao lado, continuar a fazer o almoço que à uma da tarde em ponto estava na mesa. Merecia estar em casa a fazer os seus bordados.
Hoje em dia mal vê, tenho de lhe chamar o nome carinhoso que sempre lhe chamei para ela saber que sou eu. Tenho saudades de a ver a andar, saudades de a ver fora daquela cadeira de rodas, tenho saudades de a ver a passear com ele na rua, de os encontrar e ela me dar uma moedinha para eu ir comer um bolo.

Que eu seja metade do que ela é, que eu tenha filhos e passe os valores que ela me passou, que ela passou aos filhos dela e que eles nos passaram a nós.
Tenho um orgulho enorme na minha Avó e ela é a melhor Mãe que eu ja conheci, a melhor Avó de sempre, graças a ela somos a família que somos e a amamos mais que tudo.
No dia que ela foi para o Lar nós os três prometemos que jamais ela ficaria sozinha, seja no Skype ou pessoalmente eu nunca a deixo.

Ontem foi o dia da Mãe, um dia que lhe custa muito por já não ter um filho. Falamos no Skype e ela meio tristonha disse-me:
- tenho saudades do Tio mas dou Graças a Deus por vos ter a vocês.

Grata sou eu por ser neta dela.
Com muito amor ... Que se orgulhe muito de mim.